Salmonella e outras enterobactérias nas etapas de pós-colheita e beneficiamento do amendoim
Resumo
Em anos recentes, o amendoim tem sido considerado um produto de risco potencial para infecção por Salmonella sp. devido aos inúmeros surtos relatados envolvendo produtos à base de amendoim, contudo, ainda são escassas as informações disponíveis na literatura sobre a ocorrência de Salmonella sp. nas etapas de pós-colheita e beneficiamento do amendoim. O presente trabalho tem como objetivo determinar a prevalência de enterobactérias, coliformes totais, Escherichia coli e Salmonella sp. durante as etapas de pós-colheita e beneficiamento do amendoim. Foram analisadas 60 amostras de produtores dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia envolvendo as etapas de arranquio do solo, enleiramento e despencamento da planta e 60 amostras a partir de 4 plantas beneficiadoras do Estado de São Paulo, englobando amostras de etapas de secagem, debulhado, seleção e blancheado. A pesquisa de Salmonella foi realizada em 250g de amostra por método de imunoensaio, utilizando o sistema Mini-Vidas. Para a análise de enterobactérias, utilizou-se o meio de cultura Ágar Vermelho Violeta Bile com Glicose (VRBG) e para contagem de coliformes totais e E. coli, Petrifilm. Além das análises microbiológicas também foram verificados o pH e a atividade de água (aw) das amostras. Com relação às análises microbiológicas, as amostras apresentaram altas contagens de enterobactérias, 6,62 a 8,46 log UFC/g na etapa de arranquio, 5,18 a 8,36 log UFC/g no enleiramento e 7,31 a 8,82 log UFC/g no despencamento. A etapa de enleiramento apresentou as menores contagens de coliformes totais (3,68 a 6,01 log UFC/g) seguida pelo despencamento (4,32 a 6,33 log UFC/g) e arranquio (5,38 a 6,82 log UFC/g). Duas amostras apresentaram contaminação por E. coli, sendo uma amostra da etapa de enleiramento (2 log UFC/g) e uma da etapa de despencamento (4 log UFC/g). Seis amostras apresentaram contaminação por Salmonella sp., sendo uma amostra da etapa de arranquio de SP (0,064 NMP/g) e cinco da etapa de despencamento (duas de São Paulo – 0,004 NMP/g e três de Minas Gerais - 0,037 a 0,092 NMP/g). A etapa de beneficiamento que apresentou a menor contagem de enterobactérias foi à de blancheamento (1,71-2,81 log UFC/g). As análises de coliformes foram semelhante às de enterobactérias, maiores resultados na etapa anterior a secagem (2,28 a 4,78 log UFC/g) e menores na etapa de blancheamento (1 a 1,60 log UFC/g), não houve contaminação por E. coli em nenhuma das análises durante as etapas de beneficiamento. Duas amostras na etapa de secagem apresentaram contagem de Salmonella sp. (0,004 a 0,004 NMP/g). Os resultados obtidos demonstram que pode haver contaminação do amendoim por Salmonella sp. antes do seu beneficiamento, isto reforça a importância do emprego de programas de boas práticas agrícolas e de fabricação para prevenir a presença deste importante patógeno no produto final.
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