Ler e escrever em filosofia no ensino médio em tempos de tecnologias digitais
Resumo
O contexto desta pesquisa gira em torno da atual configuração da nossa sociedade cada vez mais
tecnologizada, que produz efeitos na escola e no ensino e aprendizagem de filosofia no âmbito do
ensino médio. Esta realidade tecnológica caracterizada pelo fácil e rápido acesso às informações de
todos os tipos, vem modificando processos cognitivos e causando mudanças nas formas de ler,
escrever e de produzir conhecimento. Desta forma, em tempos de hiperconexão e hipertexto, ensinar
e aprender a Ler e Escrever em Filosofia (LEF) se configuram em verdadeiros desafios. A aula de
filosofia, tem sido nos últimos 20 anos palco de encontro entre o novo – os jovens Nativos Digitais – e
o tradicional – a filosofia, suas teorias, pensadores e métodos. Foi pensando nessas novas
configurações que buscou-se nesta pesquisa de doutorado, compreender como, em tempos de
Tecnologias Digitais (TD) pode ser possível ensinar e aprender LEF no ensino médio. Na busca de
responder a esta pergunta ou ao menos tentar de estabelecer algumas reflexões e tensionamentos,
determinou-se como corpus central da pesquisa, textos de pesquisadores e professores de filosofia
publicados em dois importantes eventos da área, a saber: o Simpósio Sul-brasileiro sobre o Ensino de
Filosofia publicados entre os anos de 2002 e 2010 e os textos dos Anais do GT – Filosofar e ensinar a
Filosofar da Associação Nacional de Pós-graduação – publicados entre os anos de 2013 e 2017. Como
outras materialidades utilizadas para dar mais embasamento às reflexões aqui propostas, foram
trazidos alguns pensadores das tecnologias tais como Lévy (1993, 1999, 2017); Serres (2013);
Lipovetsky (2004, 2005), e, também, pensadores da filosofia, tais como Fabbrini (2005); Hadot (1995);
Havelock (1996); Cossutta (2001), dentre outros. Além das reflexões teóricas com base nos autores do
corpus, são apresentados nesta tese os percursos e resultados de uma experiência investigativa
realizada com alunos do ensino médio na qual foram utilizados o Google Docs e o Grupo do Facebook.
Como conclusões desta pesquisa, pôde-se confirmar que LEF são, de fato, competências e habilidades
desafiadoras a serem perseguidas no ensino médio e que suscitam discussões em torno de no mínimo
cinco ângulos apontados pelos autores analisados: 1) As lacunas na formação de professores de
filosofia para ensino de LEF; 2) As consequências e efeitos das Políticas Públicas para a Educação no
âmbito do ensino de filosofia; 3) As metodologias de LEF que tornam o trabalho com textos uma prática
dotada especificidades e, em consequência, uma atividade desafiadora no ensino médio, sobretudo
quando os jovens possuem hábitos e práticas de leitura e escrita tão diferentes das requeridas dentro
da tradição filosófica; 4) As limitações e potencialidades que as TD apresentam ensino e aprendizagem
de LEF, e, 5) As proposições e enfrentamentos sugeridos pelos autores analisados que buscaram
novos caminhos para o ensino LEF utilizando as TD no ensino médio. Também concluiu-se que as
Tecnologias Digitais podem servir como aliadas nas práticas de ensino e aprendizagem de LEF mas
que não são sozinhas suficientes para suprir as carências e necessidades de aprendizagem dos
estudantes, que, embora tenham facilidade em utilizar as ferramentas tecnológicas, precisam de
orientação para utilizá-las de maneira adequada de forma que de fato, possam aprender LEF de modo
qualificado e significativo. Esta pesquisa foi realizada dentro da linha de pesquisa Práticas Escolares e
Políticas Públicas do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa
Maria, contando com apoio financeiro do Programa de Demanda Social (DS-CAPES), bem como do
Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE-CAPES).
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