Sustentabilidade e inclusão: estratégias de governamento na sociedade contemporânea de racionalidade neoliberal
Resumo
Vários documentos e orientações ressaltam a sustentabilidade, articulada à inclusão, como garantia de
desenvolvimento da população e do país. Esta tese, desenvolvida junto à Linha de Pesquisa em
Educação Especial, propõe problematizações sobre a emergência e funcionamento da noção de
sustentabilidade articulada à inclusão na Contemporaneidade. Para isso, tem como objetivo principal
compreender como a sustentabilidade emerge discursivamente na racionalidade neoliberal,
funcionando como uma estratégia de governamento e possibilitando um alargamento do imperativo da
inclusão. Assim como a inclusão, a noção de “sustentabilidade” vem se constituindo como um termo
recorrente em diversas políticas públicas e discursos no Brasil e no mundo. Os documentos
selecionados para compor a materialidade deste estudo referem-se a políticas públicas; decorrem de
materiais de programas de Governo e produções e orientações nacionais e de organismos
internacionais publicados com o objetivo de apresentar ações, orientações e princípios sobre a
sustentabilidade e a inclusão. Foram organizados em três grupos: políticas de inclusão; inclusão e
sustentabilidade; programas/parcerias. Aliada ao pensamento de Michel Foucault e aos Estudos
Foucaultianos em Educação, a análise delineou-se a partir da ferramenta analítica do governamento e
das noções transversais, biopolítica, neoliberalismo e capital humano. Com o empreendimento
analítico realizado, foi possível compreender que a sustentabilidade, articulada à inclusão, está
envolvida com o desenvolvimento social, uma vez que considera as pessoas como alvo principal da
garantia de uma vida econômica, política e emocionalmente saudável. Articuladas, a sustentabilidade e
a inclusão funcionam como estratégias de governamento na sociedade contemporânea de
racionalidade neoliberal, investindo no desenvolvimento e produtividade para a inclusão
socioprodutiva nos jogos de mercado. No que se refere às pessoas com deficiência, o
empreendedorismo, a produtividade e o desenvolvimento dos sujeitos como capital humano são
condições fundamentais para que cada um possa gerenciar sua vida, fazendo as melhores escolhas e
buscando situações de in/exclusão nas redes de mercado, assim contribuindo para o desenvolvimento e
seguridade da nação. O discurso da sustentabilidade opera a estratégia da aprendizagem ao longo da
vida na perspectiva da inclusão, na tentativa de não deixar ninguém fora da ordem neoliberal e do jogo
econômico, para que ninguém fique para trás e todos se tornem sujeitos deste tempo, desta ordem que
vem se configurando a partir da produtividade e sustentabilidade. No estabelecimento de parcerias e
na articulação do social com a educação, a sustentabilidade empreende ações que buscam a inserção
da pessoa com deficiência na rede laboral (mercado de trabalho) como condição e possibilidade de seu
desenvolvimento socioprodutivo (inclusão socioprodutiva) para a garantia do desenvolvimento
sustentável da nação e seguridade da população. Portanto, a inclusão socioprodutiva pressupõe uma
articulação intersetorial e um olhar integral sobre o ser humano e suas necessidades básicas. O
governo, então, busca promover a inclusão socioprodutiva paralelamente à promoção do crescimento e
desenvolvimento econômico sustentado. Assim, vê-se emergir a noção de inclusão socioprodutiva não
como um simples acesso ao mercado, mas como acesso aos direitos econômicos e sociais,
fundamentais para o desenvolvimento sustentável do país.
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