Transtorno do espectro autista e intervenção mediada por pares: aprendizagem no contexto de inclusão
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Data
2019-04-09Primeiro coorientador
Camargo, Siglia Pimentel Höher
Primeiro membro da banca
Pavão, Silvia Maria de Oliveira
Segundo membro da banca
Arpini, Dorian Mônica
Terceiro membro da banca
Mendes, Enicéia Gonçalves
Quarto membro da banca
Nunes, Débora Regina de Paula
Metadata
Mostrar registro completoResumo
As literaturas, nacional e internacional, apontam que as práticas pedagógicas de professores de alunos com autismo têm se mostrado inefetivas, no processo de inclusão escolar. Neste sentido, a Intervenção Mediada por Pares (IMP) pode ser uma alternativa promissora, pois é destaque no cenário internacional, por favorecer habilidades sociais do aluno com autismo. Além disso, estudos mostram que a IMP auxilia o professor em sala de aula na mediação pedagógica com os demais colegas, bem como é passível de implementação em ambientes naturalísticos, tais como a escola. No entanto, há poucos estudos nacionais e internacionais que abordam a efetividade da IMP nas habilidades pré-acadêmicas e formais desses alunos. Nessa perspectiva, o presente estudo se propôs a investigar os efeitos da Intervenção Mediada por Pares sobre a aprendizagem em alunos com autismo em uma escola pública de Santa Maria/RS. Trata-se de uma pesquisa de natureza interventiva, caracterizando-se como um estudo quase-experimental de caso único intra-sujeito. Participaram do estudo dois alunos com autismo matriculados no 1º e 2º anos do Ensino Fundamental, quatro pares típicos e uma educadora especial. A coleta de dados foi feita por meio de filmagens realizadas em sala de aula, em que os colegas atuaram como apoio ao aluno com autismo nas atividades acadêmicas, em sessões com duração de 20 minutos. A IMP (instrução aos pares) foi tomada inicialmente como a variável independente da pesquisa, sendo o Comportamento Mediador dos Pares (Redirecionamento e Encorajamento) a variável dependente. Em seguida, o Comportamento Mediador dos Pares torna-se a variável independente, enquanto o Comportamento de Engajamento na Tarefa (On task/Off task), as variáveis dependentes. Esta análise foi complementada por análise estatística do tamanho do efeito (Tau-U), tanto sobre o comportamento mediador dos pares como sobre o engajamento na tarefa. Também foi avaliada qualitativamente a aprendizagem acadêmica, através da recolha das tarefas realizadas pelo aluno ao longo da intervenção em sala de aula (portfólio de atividades) e testagem de identificação, associação e nomeação de letras no início e final do estudo. Os resultados mostraram que a IMP produziu efeitos socialmente relevantes sobre o Comportamento Mediador dos Pares, porém apenas 38% das medidas da linha de base não se sobrepuseram às medidas da intervenção (Tau-U=0,3814), mostrando baixa significância estatística. Já o efeito da IMP sobre o engajamento na tarefa mostrou-se estatisticamente significativo (Tau-U=0,6735). Quanto à aprendizagem acadêmica, apenas João respondeu, resultando em ganhos quanto à identificação de vogais e nomeação de consoantes. A análise do portfólio de tarefas mostra uma diminuição do apoio visual para realização de atividades de forma independente para João, enquanto Maria, devido ao aumento no tempo de engajamento na tarefa, passou a manusear mais materiais escolares, como lápis e folhas. Constatou-se que a Intervenção Mediada por Pares é uma prática viável para alunos com autismo na realidade nacional, podendo ser utilizada como um recurso importante na educação desses alunos. Sugere-se que este estudo seja replicado, buscando ampliar o número de evidências da IMP para difusão desta intervenção no cenário nacional.
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