Tratamentos para descontaminação de tomates contendo resíduos de imidacloprido
Resumo
O tomate é considerado um alimento funcional devido aos seus componentes nutricionais promoverem benefícios à saúde dos seres humanos. No entanto, nos últimos anos, preocupações tem surgido devido ao fato desse alimento apresentar frequentemente resíduos de agrotóxicos. Durante o período de cultivo, o tomate é suscetível a pragas e doenças, sendo o uso de agrotóxicos um dos métodos empregados para o controle deste problema. Dentre os agrotóxicos permitidos para a cultura do tomate está o inseticida neonicotinóide imidacloprido, que pode causar danos à saúde dos seres humanos. Assim, este trabalho teve como objetivos avaliar os efeitos de lavagens sobre os resíduos de imidacloprido em tomate, determinar a ingestão diária estimada (IDE) deste agrotóxico, além de divulgar métodos de descontaminação do fruto para a população. Testou-se a lavagem de tomates com água de torneira e as soluções de ácido acético a 5, 10 e 15%, clorada a 100, 150 e 200 ppm, de bicarbonato de sódio a 5, 10 e 15% e de suco de limão a 5, 10 e 15%, seguidas de enxágue com água corrente. As lavagens foram realizadas em triplicatas. A extração e a determinação das concentrações de imidacloprido nos tomates foram realizadas pelo método mini-Luke modificado e cromatografia líquida de ultra eficiência acoplada a espectrometria de massas (UPLC-MS/MS), respectivamente. Verificou-se o pH das soluções de lavagem e caracterizou-se a composição física e química das amostras. Ao final, foi elaborada uma cartilha com a descrição das lavagens mais eficientes na redução da concentração de imidacloprido em tomate. Para estimar a exposição humana ao agrotóxico imidacloprido, determinou-se a IDE para mulheres, homens, adolescentes, adultos e idosos brasileiros. Os dados foram avaliados através da análise de variância e do teste de Tukey, ao nível de 5% de significância. A lavagem com água de torneira foi o método mais efetivo na redução de imidacloprido nas amostras. Em contrapartida, as soluções de bicarbonato de sódio a 10%, ácido acético a 10% e clorada a 150 ppm foram as menos eficientes na descontaminação dos tomates contendo imidacloprido. Considerando todas as diferentes soluções testadas, não ocorreram diminuições lineares nas concentrações de imidacloprido à medida que se aumentou a concentração das mesmas. As amostras não diferiram com relação aos teores de umidade, acidez e sólidos solúveis totais presentes nas mesmas. O pH das soluções não interferiu no pH dos tomates. A relação sólidos solúveis totais e acidez demonstrou que os tomates estavam adequados ao padrão de qualidade para o consumo. A correlação entre os parâmetros físicos e químicos e as concentrações de imidacloprido nos tomates demonstrou que não há relação linear entre estes dados. As IDE determinadas demonstraram-se abaixo da ingestão diária aceitável (IDA) estabelecida no Brasil, nos Estados Unidos da América, na Europa e pelo Codex Alimentarius. Demonstrou-se que os tomates analisados eram adequados para o consumo humano, visto que estavam conforme os parâmetros considerados toxicologicamente seguros.
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