Narrativas de professores de flauta transversal e piano no ensino superior: a corporeidade presente (ou não) na aula de instrumento
Date
2016-03-16Metadata
Show full item recordAbstract
A pesquisa apresentada nesta tese está vinculada à Linha de Pesquisa Educação e
Artes LP4 do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade
Federal de Santa Maria. A pesquisa teve como objetivo geral compreender em que
medida o conceito de corporeidade está presente no ensino de flauta e piano
narrados pelos professores; e, como objetivos específicos destacar, dentre as
narrativas dos professores, aquelas que se referem à atenção com a saúde e bemestar
do aluno, bem como analisar as narrativas dos professores sobre sua atuação
no que tange à relação mente-corpo no ensino de flauta e piano. Aproprio-me do
conceito de corporeidade partindo da perspectiva teórica de Merleau-Ponty (2006),
que trago para dialogar com pesquisadores da saúde do músico: Williamon e
Thompson (2006); Brandfonbrener e Kjelland (2002); Wynn Parry (2004); Cowell e
Hewitt (2011) dentre outros. A pesquisa é apresentada partindo da visão do ensino
conservatorial da música (VASCONCELOS, 2002) e da relação professor-aluno
(KINGSBURRY, 1988; LOURO, 2008; DEWEY, 2011). A metodologia adotada é da
História Oral Temática (ROBERTS, 2002; MEIHY, 2005; PEREIRA DE QUEIROZ,
2008; MEIHY e HOLANDA, 2011), através de entrevistas narrativas (LOURO, 2004;
JOVCHELOVITCH e BAUER, 2012) que foram contextualizadas com o registro de
Diários de Campo (ALBERTI, 2005; FLICK, 2009) e a análise de dados foi feita a
partir da Teoria Fundamentada (CHARMAZ, 2009). Foram realizadas entrevistas
com dez professores de flauta transversal e piano das universidades públicas da
região Sul do Brasil. A pesquisa se aproxima das pesquisas realizadas por Louro
(2004), Borba (2011) e Machado (2012) pela metodologia adotada, pelo mesmo
lócus de pesquisa ensino superior de música e também por abordar questões de
tradições e inovações no ensino da música. Como resultados, pode-se destacar que
os entrevistados: (i) estão preocupados em olhar para o aluno como um indivíduo
único, proporcionando um ensino personalizado, apesar das diretrizes e repertórios
em comum; (ii) procuram estar atentos a maus hábitos posturais e consideram o
bem-estar físico fundamental para o bom relacionamento com o instrumento e a
música, porém nem todos sabem como orientar os alunos, considerando que há
limites na formação do professor de música; (iii) o conceito de corporeidade está
presente em algumas práticas de ensino, porém outros têm um olhar mais
tradicional, preocupados apenas com boa postura e saúde, sendo este pensamento
relacionado diretamente com a atuação dos professores na relação mente-corpo,
nos ensinos de flauta e piano. A corporeidade de alunos e professores é um dos
principais desafios encontrados no imbricamento de tradições e inovações nas
narrativas sobre ensino de flauta e piano por professores de ensino superior. Muito
embora, não haja unanimidade no como encarar este tema, existe consenso sobre a
importância crucial do assunto entre os professores entrevistados. Espera-se que as
conclusões desta tese possam beneficiar músicos, estudantes de música,
professores de instrumento, educadores e pesquisadores das áreas de Educação,
Educação Musical, Música e Saúde do Músico.