Alfabetização de jovens e adultos e a consciência fonológica: um estudo sobre concepções de alfabetizadores
Resumo
Este estudo insere-se na Linha de Pesquisa Formação, Saberes e Desenvolvimento Profissional do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria/RS. Como objetivo geral, buscamos compreender as concepções de um grupo de professores participantes do Programa Brasil Alfabetizado (PBA), do município de Santa Maria/RS, quanto à alfabetização de jovens e adultos e à consciência fonológica neste processo. Para tanto, procuramos conhecer as trajetórias formativas de cinco alfabetizadores de jovens e adultos, que atuavam no PBA durante o ano de 2013; identificar suas concepções sobre a construção da leitura e da escrita de jovens e adultos em processo de alfabetização inicial e, por fim, reconhecer as concepções desses professores sobre consciência fonológica no processo de construção da leitura e da escrita de jovens e adultos. A metodologia do estudo proposto direciona-se aos princípios da pesquisa qualitativa e parte da abordagem narrativa sócio-histórica. Os autores Bolzan (2002, 2006, 2009), Isaia e Bolzan (2006), Isaia (2003), Bakhtin (2010, 2012), Freitas (1998, 2002), Vygotsky (2005, 2007), Marcelo Garcia (1997, 1999, 2010), Nóvoa (1997), Tardif (2012 e 2009), Gadotti (2008), Freire (1978, 1979, 2006, 2011), Schwartz (2010), Morais (2012), Ferreiro (2012) e Ferreiro e Teberosky (1999) foram o aporte teórico no desenvolvimento deste trabalho. Da análise das narrativas dos professores participantes, resultaram duas dimensões categoriais: concepções sobre a leitura e a escrita iniciais dos jovens e adultos, dimensão composta pelos elementos categoriais: hiper-responsabilização, mediação, incompletudes, aptidões e repercussões da alfabetização; a outra dimensão categorial, denominada concepções sobre a consciência fonológica no processo de alfabetização de jovens e adultos, tem como elementos categoriais: espera, tateamento e valorização. As narrativas são marcadas pela assunção de responsabilidades de diferentes naturezas, principalmente quanto a demandas emergenciais relativas à leitura e à escrita dos estudantes. As mediações relatadas demonstram cuidado com a manutenção da motivação da turma e o reconhecimento de algumas dificuldades na função alfabetizadora, atribuindo, algumas destas, a aptidões que necessitariam ser consolidadas pelos estudantes. Os professores concebem a alfabetização e, portanto o trabalho que realizam, como possibilidade de ascensão social e cultural dos sujeitos. Em relação à consciência fonológica, são cautelosos com a proposição de atividades até compreenderem que os estudantes estão aptos para entender que a escrita representa a pauta sonora das palavras. A partir de então, passam a propor algumas habilidades metalinguísticas, com distintas finalidades. Embora fundamentadas no empirismo, o fato de os alfabetizadores desenvolverem atividades desta natureza e manifestarem-se favoráveis a elas, permitiu-nos reconhecer a valorização atribuída à consciência fonológica. Assim, a partir desta análise compreendemos que os alfabetizadores realizam um movimento dialético, atentos às suas formas de ensinar e de aprender dos estudantes e sua recíproca implicação, emergindo como elemento transversal, o comprometimento. Destacamos a relevância de conhecimentos referentes ao funcionamento do sistema de escrita alfabética, envolvendo a consciência fonológica, fazerem parte do processo formativo de alfabetizadores por serem essenciais a um profícuo trabalho de alfabetização, independente se for com jovens, adultos ou com crianças.