Inclusão educacional e autismo: um estudo sobre as práticas escolares
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2016-11-28Metadatos
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A presente tese teve como objetivo investigar as práticas escolares produzidas na inclusão de alunos com autismo, na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em escolas municipais de Santa Maria/RS. O conceito de práticas escolares é compreendido como o conjunto de ações, desenvolvidas pelas escolas, que produzem a educação. Incluem-se nessas ações as práticas pedagógicas, os processos de socialização e a dinâmica pedagógica (organização dos tempos e espaços escolares). Tendo isso em vista, estabeleceu-se um diálogo entre os campos da Educação Especial e da Psicanálise. A interlocução entre esses dois campos levou a duas premissas teóricas básicas. A primeira delas é a compreensão do desenvolvimento infantil conforme postulado por Coriat e Jerusalinsky (1996), incluindo o sujeito psíquico. A segunda é a de que, no autismo, há problemas na constituição subjetiva, os quais se evidenciam nas manifestações observadas na instituição escolar. Essa escolha teórica se constituiu como uma tentativa de escapar ao modelo médico-pedagógico da Educação Especial e ao discurso psiquiátrico e suas categorias, o qual atualmente captura uma gama significativa de sujeitos. Na operacionalização da investigação, adotou-se como metodologia a pesquisa documental, tomando como materialidade de análise pareceres pedagógicos e planos de atendimento educacional especializado, elaborados por professoras de Educação Especial. No delineamento metodológico, apostou-se na potência desses documentos escolares como narrativas das práticas engendradas nas escolas. Para empreender a análise dos dados, utilizaram-se os quatro eixos teóricos da Avaliação Psicanalítica aos Três Anos (AP3) como referencial de leitura: o brincar e a fantasia; o corpo e sua imagem; a fala e a posição na linguagem; as manifestações diante das normas e a posição frente à lei. Além dos quatro operadores de leitura da AP3, três novas categorias emergiram nas narrativas das professoras durante a apreciação dos documentos, a saber, os espaços e os tempos na dinâmica pedagógica, a figura do profissional de apoio e a interação com os colegas. Por meio da apreciação dos documentos, foi possível observar que as orientações antecipadas nas políticas de inclusão escolar, de cunho universalizante, sofrem torções ao serem operacionalizadas na escola. No que se refere aos quatro eixos da AP3, constatou-se que nem todos foram contemplados nas narrativas das professoras, tanto nas observações sobre o desenvolvimento dos alunos quanto na articulação das práticas escolares. Além disso, verificou-se que esses eixos são pertinentes para realizar a leitura dos casos de inclusão e podem servir como orientação das intervenções pedagógicas, propiciando aberturas para os estudantes estabelecerem laço social e se dizerem na escola e na vida. Concluiu-se, a partir deste estudo, que as práticas escolares produzidas na inclusão de alunos com autismo podem ser problematizadas por meio dos quatro grandes eixos teóricos da AP3, possibilitando a produção de outros sentidos nos processos de escolarização desses sujeitos.