Crescimento e sobrevivência de juvenis de jundiás (Rhamdia quelen) em diferentes concentrações de ácido húmico, em pH ácido.
Resumo
O ácido húmico é uma substância orgânica identificada nas águas pretas, já utilizada
como promotor de crescimento e que confere proteção contra a contaminação ambiental por
metais. O objetivo deste estudo foi verificar a sobrevivência e o crescimento de juvenis de
jundiá Rhamdia quelen em concentrações distintas de ácido húmico em pH ácido,
observando os efeitos morfológicos nas brânquias e nos eritrócitos. No primeiro manuscrito,
os juvenis foram expostos a dois pH (5,5 e 6,5) em concentrações (0, 10, 25 e 50 mg L-1) de
ácido húmico, por 40 dias. No segundo manuscrito, foram analisados os aspectos histológicos
e morfométricos das brânquias dos juvenis expostos a esses tratamentos ao final de 40 dias de
experimento. O terceiro manuscrito avaliou a sobrevivência e o efeito na morfometria
eritróide de juvenis de jundiá expostos a pH distintos (3,8; 4,0; 4,2 e 7,0) e nas concentrações
de ácido húmico já citadas. Após ao experimento, os juvenis de jundiás apresentaram maior
peso, comprimento, bioamassa, consumo de ração e taxa de crescimento específico quando
expostos ao pH 6,5 sem a presença de ácido húmico. As brânquias dos jundiás expostos ao pH
5,5 em 50 mg L-1 de ácido húmico apresentaram maior comprimento dos filamentos, largura
das lamelas e da espessura do epitélio do filamento branquial, menor distanciamento entre as
lamelas, proliferação de células de cloreto e aumento na área de superfície respiratória GRSA.
Também se verificou proliferação das células de cloreto e aumento na área fracional das
células de cloreto (CCFA) dos juvenis expostos ao pH 5,5 em 50 mg L-1 de ácido húmico. A
sobrevivência dos juvenis foi comprometida em pH 3,8 e pH 4,0, diminuindo esta
sobrevivência em quanto maior foi a concentração de ácido húmico adicionado ao meio
ambiente. Jundiás expostos ao pH 7,0 apresentavam área eritrocitária maior que os peixes
expostos aos pH 3,8; 4,0 ou 4,2. Já a presença do ácido húmico causou um efeito contrário,
fazendo com que os eritrócitos de peixes expostos às maiores concentrações (50 mg L-1)
tivessem maiores diâmetros. Não há alteração nos níveis plasmáticos de Na+, K+, porém em
pH 3.8 os níveis plasmáticos de Cl- foram menores que em pH neutro e esse efeito foi
potencializado pelo aumento da concentração de ácido húmico. Assim, conclui-se que a
presença do ácido húmico sintético na água é prejudicial para o desenvolvimento de juvenis
de jundiá; quanto maior a concentração de ácido húmico na água, maior é a barreira águasangue
e a proliferação de células de cloreto, alterando a morfologia branquial de juvenis de
jundiá; os parâmetros hematimétricos de juvenis de jundiás também são alterados pela
presença do ácido húmico sintético, podendo comprometer a adaptação e sobrevivência desta
espécie em pH ácido; o ácido húmico protege juvenis de jundiá contra os efeitos
ionorregulatórios negativos da exposição ao pH ácido.