Extração de compostos fenólicos assistida por ultrassom e determinação de ácidos graxos e minerais em folhas de Olea europaea L.
Resumo
As folhas de oliveira são um subproduto agrícola gerado pela poda de oliveiras. Recentemente, foi relatado que essas folhas apresentam elevados teores de compostos fenólicos com atividade biológica, o que despertou o interesse tanto acadêmico quanto econômico com relação ao aproveitamento das mesmas para a alimentação animal e humana. Contudo, há pouca informação sobre a presença de outros compostos de interesse nutricional, tais como ácidos graxos e elementos minerais. Assim, este trabalho teve como objetivo determinar o perfil de ácidos graxos e elementos presentes em diferentes variedades de folhas de oliveira cultivadas no sul do Brasil, assim como desenvolver um procedimento de extração de compostos fenólicos com auxílio do ultrassom, utilizando um solvente de baixa toxicidade (etanol 60% v/v, adicionado de ácido cítrico 1 g L-1), e compará-lo com a extração por metodologia tradicional de extração (maceração), visando sua futura aplicação em produtos alimentícios. Para as variedades estudadas, Ascolano, Arbosana, Negrinha do Freixó, Koroneiki e Grappolo as concentrações de cinzas, proteínas, lipídios e carboidratos totais variaram de 4,37% a 6,00%; 10,50% a 13,10%, 9,13% a 9,80% e 8,74% a 32,63%, respectivamente. A variedade Arbosana apresentou a maior concentração de compostos fenólicos totais quando se realizou uma extração seguida de re-extração por maceração (35,71 mg GAE g-1), e a maior concentração de ácidos graxos saturados (total de 37,26%, sendo 1,54 ± 0,04% ácido mirístico; 26,90 ± 0,50% ácido palmítico; 5,55 ± 0,14% ácido esteárico e 3,26 ± 0,13% ácido araquídico). As variedades Ascolano, Koroneiki e Grappolo apresentaram as maiores quantidades dos ácidos graxos considerados benéficos à saúde (68,03%; 68,63% e 68,18% respectivamente, dados relativos ao somatório dos ácidos graxos oleico, linoleico e linolênico). A variedade Ascolano apresentou de modo geral as maiores concentrações da maioria dos minerais determinados. Os elementos presentes em maior concentração nas cinco variedades estudadas foram Al, Ca, Fe, K, Mg, P e S, mas os teores encontrados para Fe, Cu, Zn Mn e Ca foram mais significativos com relação à ingestão diária recomendada. Estes resultados demonstram a importância da constituição destas variedades que podem ser utilizadas como suplementos na alimentação animal ou humana. Na extração dos compostos fenólicos assistida por ultrassom utilizando a variedade Arbequina foram otimizados a posição da sonda (1 e 3 cm), a temperatura de extração (20 °C, 40 °C e 60 °C) e o tempo de extração (0,5 - 20 min) utilizando 40% de amplitude e 20 kHz. Os resultados indicaram que a utilização de 20 °C, durante 20 min de extração levaram a uma recuperação de 75,33% dos compostos fenólicos (20,50 ± 0,26 mg GAE g-1), quando comparado com o método convencional de extração (maceração, 22 °C, 5 h , 27,32 ± 0,90 mg GAE g-1). A posição da sonda não interferiu significativamente nos resultados e o principal efeito provocado pelo ultrassom foi agitação. Assim, desenvolveu-se um método rápido e eficaz de extração, confirmando os benefícios da utilização de ultrassom na obtenção de extratos a partir de fontes naturais.