Bifenilos policlorados (PCBs) em pescados in natura do litoral do Rio Grande do Sul, Brasil
Abstract
Bifenilos policlorados (PCBs) são compostos químicos de origem industrial, tóxicos, não biodegradáveis, lipofílicos, e que foram produzidos a partir da década de 30 até os anos 70, quando foram proibidos. No Brasil, PCBs estão presentes, por exemplo, em transformadores e capacitores elétricos instalados até 1981, quando a comercialização e utilização desses compostos foram proibidas no país. Porém, manteve-se a permissão de utilização desses equipamentos contendo PCBs e instalados até o início dos anos 80, até que ocorra a substituição integral dos mesmos ou a troca de seus respectivos fluidos dielétricos por produtos isentos de PCBs. Atualmente, PCBs são classificados como poluentes orgânicos persistentes (POPs), pois poluem e se acumulam no meio ambiente, influenciando todos os organismos da cadeia alimentar. A principal forma de contaminação humana é a ingestão de alimentos contaminados, principalmente alimentos de origem animal. Dentre esses, os pescados constituem-se no principal meio de veiculação de congêneres de PCBs até o organismo humano. A preocupação acerca dos PCBs está centrada no seu potencial toxicológico, principalmente como indutores de câncer. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi investigar a possível contaminação, por resíduos de 11 congêneres individuais de PCBs, em pescados marinhos in natura do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A metodologia empregada para análise de PCBs nos pescados incluiu a coleta de amostras do litoral do RS, a extração e purificação desses compostos com a utilização de sílica gel acidificada, solventes e, finalmente, a identificação e quantificação dos mesmos utilizando-se cromatografia gasosa acoplada a um micro detector de captura de elétrons (GC-μECD). Os resultados obtidos foram confirmados por cromatógrafo gasoso acoplado à espectrometria de massas (GC-MS). Os PCBs investigados não foram encontrados em todas as amostras analisadas. Os PCBs 28 e 52 não foram detectados. O PCB 153 foi encontrado em 98,33% das amostras analisadas, seguido pelos PCBs 138 e 180 encontrados em 95% das amostras, pelo PCB 118 encontrado em 93,33% das amostras, pelo PCB 101 encontrado em 60% das amostras, pelo PCB 77 e PCB 81, encontrados em 33,33% e 31, 67% das amostras, respectivamente. Os PCBs 126 e 169 foram encontrados com menores freqüências, 18,33% e 15%, respectivamente. Os congêneres individuais encontrados em maiores concentrações médias foram o PCB 153 (184,36 ng/g de gordura), seguido pelo PCB 138 (159,27 ng/g de gordura), PCB 118 (98,16 ng/g de gordura), PCB 180 (69,04 ng/g de gordura), PCB 101 (32,99 ng/g de gordura) e PCB 77 (12,95 ng/g de gordura). Os PCBs 81, 126 e 169 foram encontrados nas menores concentrações (4,97 ng/g, 4,49 ng/g e 2,08 ng/g de gordura, respectivamente). Os resultados obtidos confirmam a contaminação por PCBs de todas as espécies marinhas de consumo analisadas e podem ser utilizados como indicativos da contaminação ambiental, por esses compostos, no litoral do RS.