Isolamento, identificação e caracterização de leveduras isoladas do mirtilo
Fecha
2015-03-13Metadatos
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O perfil químico de um produto fermentado depende da matéria prima de base e da microbiota que participam do processo fermentativo. No presente estudo, leveduras pertencentes à microbiota do mirtilo foram investigadas, isolando-se estes micro-organismos da superfície de duas diferentes cultivares de mirtilo, Florida M e Climax. Foram avaliadas a capacidade fermentativa, produção de sulfeto de hidrogênio (H2S), formação de filme, característica killer, sensibilidade e neutralidade a este fator. Três metodologias para identificação foram empregadas: espectrometria de massas MALDI-TOF, análise da região ITS do gene rRNA por PCR-RFLP e, quando necessário, sequenciamento genético da região D1/D2 do 26S do gene rRNA. A cultivar Florida M apresentou em sua superfície as espécies Hanseniaspora uvarum, Hanseniaspora opuntiae, Candida sorboxylosa, Metschnikovia kunwiensis, Candida bentonensis, Candida oleophila/Candida railenensis e Candida quercitrusa. Na cultivar Climax, foram encontradas as espécies Hanseniaspora uvarum, Issatchenkia terricola, Candida sorboxylosa, Candida asiatica, Candida oleophila/Candida railenesis, Issatchenkia hanoiensis e Kazachstania intestinalis. Apenas três espécies foram comuns as duas cultivares, sendo elas H. uvarum, C. sorboxylosa, Candida oleophila/Candida railenesis. H. uvarum foi a espécie predominante em ambas cultivares, representando 70,4% e 78% do total de leveduras isoladas da cv. Florida M e Climax, respectivamente. A característica killer não foi detectada em nenhuma linhagem isolada da cv. Florida M. Na cv. Climax, apenas a linhagem C. asiatica 133 MCMCF/14 se comportou como killer. A linhagem K. intestinalis 91 MCMCF/14 foi a única que demonstrou sensibilidade em relação a todas as linhagens killer padrão K1 (Lallemand), EMBRAPA 1B, EMBRAPA 91B. Esta mesma linhagem se mostrou sensível também à linhagem isolada da cultivar Climax C. asiatica 133 MCMCF/14. Todas as linhagens isoladas de ambas cultivares apresentaram baixa capacidade fermentativa e todas elas foram identificadas como sendo não-Saccharomyces. Houve de moderada a alta produção de H2S em 21 e 34% nas linhagens isoladas das cultivares Florida M e Climax, respectivamente. A produção máxima de H2S se destacou principalmente em linhagens das espécies I. terricola e C. sorboxylosa. A maioria das linhagens de leveduras da espécie C. oleophila/C. railenensis apresentaram baixa produção deste gás. O processo de produção de fermentados de mirtilo tanto da cultivar Florida M como da cultivar Climax pode ser severamente afetado por este tipo de leveduras autóctones.